Shiba Inu
Ficha Técnica
- Grupo: 5 - Cães de tipo Spitz e de tipo Primitivo
- Secção do grupo: 5 - Spitz Asiáticos e raças semelhantes
- País de origem: Japão
- Data de origem: Antiguidade
- Primeira utilidade: Cão de caça de pássaros e de pequenos animais
- Peso aproximado: 8 - 11 Kg
- Altura aproximada: 33 - 43 cm
- Cores: Vermelho | Preto e castanho | Sésamo | Preto sésamo | Vermelho sésamo
- Esperança média de vida: 14 anos
História do Shiba Inu
A amada e ancestral raça da Terra do Sol Nascente
Das seis raças nativas japonesas (Shiba Inu, Akita Inu, Kishu Inu, Hokkaido, Shikoku Inu e Kai Ken), o Shiba Inu é a mais pequena e antiga, sendo o ancestral comum das restantes cinco. Calcula-se que tenha surgido por volta do ano de 300 a.C., contudo, alguns cinólogos, apoiados em vestígios arqueológicos, consideram que a sua origem ocorreu 3 mil anos antes de cristo, no seio das comunidades indígenas Jōmon, responsáveis pela criação das primeiras sociedades no arquipélago nipónico.
Originalmente, o Shiba Inu foi usado para a caça menor e, ocasionalmente, para a caça maior, designadamente de javalis. As suas evoluídas capacidades olfactivas e visuais aliadas ao seu pequeno porte permitem-lhe ter, há milénios, um papel activo na caça praticada nas regiões montanhosas e de vegetação rasteira que caracterizam... parte da paisagem do Japão.
Contudo, o Shiba Inu não se desenvolveu, desde logo, como uma raça uniformizada. As especificidades das diferentes regiões montanhosas levaram à criação de três variedades diferentes: o Shinshu Shiba, da região de Negano; o Mino Shiba, da região de Gifu; e, finalmente, o San’in Shiba, da região de San’in. Estas três variedades são a matéria-prima do Shiba Inu e, por consequência, das seis raças nativas do Japão.
A origem do nome desta raça é alvo de diferentes teorias. Praticamente todas as raças japonesas têm Inu no nome, palavra que significa cão. É na palavra Shiba que se confrontam três diferentes propostas. Segundo a primeira, a palavra “Shiba” significa “mato”, aludindo à capacidade desta raça de pequeno porte caçar numa vegetação densa e baixa. De acordo com a segunda proposta, a cor vermelha que caracteriza muitos dos Shibas assemelha-se à cor da vegetação das regiões montanhosas, onde as capacidades destes cães se destacavam. Finalmente, a terceira proposta aponta para que a palavra Shiba é um termo antigo oriundo do dialeto da região de Nagano, que significa “cão de pequeno porte”.
Há, ainda, quem defenda que a primeira e a terceira proposta estão simultaneamente por detrás da origem do nome da raça, apontando para que a palavra Shiba deriva de um termo antigo que significa “pequeno cão do mato”.
O povo japonês tem, desde há muito tempo, uma especial consideração pelas suas ancestrais raças de cães. Um bom exemplo disso foi a criação, levada a cargo pelo Tribunal de Yamato, no século VII, do ofício de tratador de cães, cujo principal objectivo passava por preservar as raças nativas japonesas, por forma a salvaguardar uma parte importante da herança cultural do país.
O facto de o Japão ter sido, durante muitos séculos, um país com pouco contacto com o exterior, ajudou a preservar as características originais das seis raças nativas japonesas. Durante os séculos XVII e XVIII, alguns cães europeus e chineses alcançaram uma considerável popularidade nas zonas urbanas do Japão, contudo isso nunca colocou minimamente em risco a preservação dos cães nativos.
Já nos finais do século XIX e inícios do século XX, mais especificamente entre 1868 e 1912, vários cães de caça ingleses, designadamente o Pointer e o Setter, chegaram ao Japão, numa altura onde a caça desportiva ganhou inúmeros adeptos na Terra do Sol Nascente. Isto levou a um cruzamento massivo entre Shibas (e outras raças nativas) e cães de caça ingleses, tornando o Shiba Inu original num cão raro.
Nos finais dos anos vinte do século passado, caçadores e pessoas preocupadas com a salvaguarda dos elementos cultuais do seu país uniram esforços para preservar e recuperar a população da mais antiga raça nipónica e, também, das restantes cinco raças nativas. Felizmente, foram bem-sucedidos, graças à criação, em 1928, da Associação para a Preservação das Raças Japonesas, conhecida como Nippo (Nihon Ken Hozonkai).
Em 1934, no seio desta associação, o padrão do Shiba Inu foi unificado, o que representou um marco fundamental para a conservação das características originais da raça. Passados três anos, em 1937, outro momento histórico para o Shiba Inu – a sua designação como Monumento Natural. A partir desse momento, alguns aspectos estéticos e temperamentais da raça foram aprimorados.
A Segunda Guerra Mundial representou um desastre para o Japão em todos os aspectos, incluindo para as suas tão amadas raças nativas. Incontáveis cães morreram durante a guerra devido, entre outras coisas, aos bombardeamentos intensos que a Terra do Sol Nascente sofreu. Contudo, o fim da guerra não significou o fim do martírio para os canídeos. Nos anos que se seguiram ao maior conflito da História da Humanidade, um vírus chamado CDV (Canine Distemper Virus), responsável pelo surgimento da cinomose (doença altamente contagiosa), matou um enorme número de cães.
Os únicos exemplares de Shiba Inu que sobreviveram estavam nas zonas mais remotas do Japão. O número de exemplares de Mino Shiba e de San’in Shiba chegaram a um nível onde a extinção esteve próxima de ser uma realidade. No caso do Shinshu Shiba, o panorama foi menos preocupante.
Através de grandes planos de revitalização da raça, os exemplares sobreviventes das três variedades foram reunidos e sujeitos a programas de reprodução habilmente delineados. O Shiba Inu que conhecemos actualmente é o resultado destes bem-sucedidos programas.
O estatuto do Shiba Inu no Japão não tem paralelo. É, como já foi referido, considerado um Monumento Natural, sendo, ainda, considerado um símbolo da Casa Imperial do Japão. Para além disto, existe a crença popular de que o Shiba traz sorte ao seu dono. Não espanta, portanto, que a raça mais popular no Japão seja, precisamente, o Shiba Inu. Nos dias de hoje, esta raça é tida, sobretudo, como cão de companhia, embora ainda seja utilizada para a caça menor.
A fama da mais popular raça japonesa chegou a todo o mundo. O seu pequeno porte e espírito independente tem captado o interesse de muitas pessoas, sobretudo nos Estados Unidos, onde a sua popularidade tem crescido de forma consistente nos últimos cinquenta anos.
Os memes virais na internet com expressões engraçadas de um Shiba foram um dos motivos que levaram esta raça a ter um especial protagonismo nas redes sociais. Este sucesso foi tal que, em 2013, foi criada a Dogecoin – uma brincadeira alusiva à criptomoeda Bitcoin, onde aparece o retrato de um Shiba chamado Doge. Ironicamente, esta moeda virtual deixou de ser uma brincadeira para se tornar, efectivamente, numa moeda competitiva no universo das criptomoedas, possuindo vários investidores.
Temperamento do Shiba Inu
Nobreza de carácter
A beleza estética, que faz lembrar a de uma raposa, o pequeno porte e o temperamento independente e arrojado, fazem com que o Shiba Inu ganhe cada vez mais adeptos um pouco por toda a parte.
Os japoneses descrevem esta raça através de três palavras: A primeira é “kaani-i”, que significa coragem aliada a um sentido de autodomínio. A segunda é “ryosei”, que significa boa disposição aliada a um bom coração. Finalmente, a terceira palavra é “soboku”, a qual significa simplicidade num espírito aberto e sofisticado. Esta ancestral descrição, embora romântica, é fiel à realidade, havendo, ainda assim, mais para dizer acerca do seu temperamento.
O Shiba Inu é uma companhia fantástica, com um temperamento único e com potencial para ser um bom cão de família. Se as crianças respeitarem o seu... espaço e integridade, poderá desenvolver uma óptima relação com elas. A sua lealdade aliada à sua típica personalidade bem vincada e divertida leva os seus fãs a partilharem a ideia de que viver com um Shiba Inu não é apenas viver com um cão, mas sim um “modo de vida”.
Todavia, a independência e a personalidade vincada que os adeptos do Shiba Inu tanto gostam, pode ser um problema para muitas pessoas. Esta não é uma raça fácil de treinar, precisamente pelo seu grau de independência que a leva, muitas vezes, a ignorar os comandos que lhe são dados. É importante estar ciente desta característica da raça, por forma a evitar frustrações causadas pelo desconhecimento. Nada disto significa que não se possa treinar um Shiba Inu. O que interessa saber é a melhor forma de o fazer, a qual passa por, tendo bem presente que está é uma raça muito inteligente, persuadi-la de uma forma positiva a fazer aquilo que queremos que ela faça.
Tipicamente, o Shiba Inu é desconfiado com estranhos, sejam eles cães ou pessoas, pelo que se deve apostar numa socialização activa e controlada desde cedo. A relação com outros cães pode, até, ser hostil, caso a questão da socialização não seja devidamente acautelada. O perigo de haver uma luta aumenta consideravelmente quando dois machos não esterilizados estão presentes no mesmo espaço. Esta desconfiança natural relativamente a estranhos faz da raça um potencial bom cão de guarda. Ironicamente, caso raro no universo das raças de cães, o Shiba Inu tem uma tendência abaixo da média para ladrar, o que contrasta com o típico cão de guarda que adopta este comportamento frequentemente.
Um potencial problema comportamental a que é preciso estar atento é a possessividade. O Shiba Inu tem uma propensão para guardar recursos, sejam eles comida, território, brinquedos, entre outros. Com um treino adequado é possível evitar ou, pelo menos, atenuar este comportamento. Existem sempre práticas simples e eficazes para impedir que aconteçam acidentes, como, por exemplo, retirar-lhe todos os brinquedos e objectos de que gosta, bem como a comida, quando está na presença de crianças ou de outros cães.
Não sendo das raças que mais necessita de exercício físico, precisa, ainda assim, de uma dose razoável de exercício diário. Por isso, pelo menos num dos passeios diários, deve-se dedicar tempo para que o cão se possa estimular física e psicologicamente. Este tempo é fundamental para que um Shiba Inu se possa desenvolver de forma equilibrada.
O seu instinto apurado de caça, que se manifesta na perseguição de pequenos animais, que tanto podem ser coelhos, como gatos ou ratos, pode ser perigoso num contexto urbano, pelo que se deve ter muitíssimo cuidado nos momentos em que este está sem trela. Para aqueles que têm um Shiba Inu com acesso a um quintal ou a um jardim, deve-se levar em consideração que esta raça é especialista em se evadir, pelo que é fundamental que esse espaço esteja bem vedado.
Saúde do Shiba Inu
Sendo uma raça, de certa forma, rústica, apresenta poucos problemas de saúde de foro genético. Um dos mais comuns são as alergias, as quais nunca se manifestam antes dos seis meses de idade. Este problema pode ser gerido através de determinadas restrições e do recurso regular a medicamentos apropriados, à semelhança do que acontece com os seres humanos. Existem três grandes tipos de alergias: as alergias alimentares; as alergias respiratórias; e as dermatites de contacto.
Existem dois defeitos congénitos de foro ortopédico que é sempre preciso despistar. O primeiro é a luxação patelar, que se caracteriza pelo deslocamento daquela que é a posição normal da patela (ou rótula), causando dor e dificuldade de locomoção. O segundo é a displasia da anca, originada por uma... alteração no desenvolvimento normal da articulação coxofemoral, causando, também, dor e dificuldade de locomoção.
Interessa, também, chamar a atenção para duas doenças oftalmológicas que podem, eventualmente, afectar o Shiba Inu. A primeira é o Glaucoma, causado pelo aumento da pressão no olho e manifestando-se através da perda de visão e da dor. A segunda é a Atrofia Progressiva da Retina, que se caracteriza pela deterioração gradual da retina e a consequente perda parcial ou total da visão.
Para não ficar por mencionar nenhum problema que pode, potencialmente, afectar o Shiba Inu, falta, ainda, referir o Hipotireoidismo. Este caracteriza-se pela produção insuficiente da glândula da tireóide, levando à falta de apetite, letargia, queda de pêlo, entre outros sintomas.
Quanto aos cuidados com a pelagem, é importante fazer uma escovagem regularmente, por forma a remover o pêlo morto e a manter a pelagem limpa. A importância de uma boa escovagem ganha especial relevo em raças como o Shiba Inu, conhecidas por largarem bastante pêlo durante todo o ano.
Para concluir, deve-se também limpar os ouvidos de um Shiba Inu com frequência, uma vez que as suas orelhas erectas são propensas a deixar entrar sujidade, a qual, se não for removida, irá provocar infecções, designadamente otites.
Aparência Física do Shiba Inu
- Orelhas erectas e triangulares
- Olhos pequenos e triangulares
- Focinho pontiagudo com nariz escuro
- Membros dianteiros direitos, com codilhos junto ao tronco
- Peito profundo com costelas bem arredondadas
- Os membros traseiros bem desenvolvidos sustentam as ancas fortes e elegantes
- A cauda grossa e forte enrola-se sobre o dorso
Curiosidades
No dia 5 de Dezembro de 2011, morreu um dos exemplares de Shiba Inu mais famosos de sempre. Chamava-se Pusuke e ficou para a História como tendo batido, à época, o recorde do cão mais velho do mundo registado e oficializado pelo Guinness World Records. Pusuke chegou a uns incríveis 26 anos e 9 meses de vida.