Cão do Barrocal Algarvio
Ficha Técnica
- Grupo: 11 - Raças não reconhecidas pela Fédération Cynologique Internationale (FCI)
- Secção do grupo: -
- País de origem: Portugal
- Data de origem: Séc. XIX
- Primeira utilidade: Caça
- Peso aproximado: 15 – 25 Kg
- Altura aproximada: 45 – 58 cm
- Cores: Fulva; amarela; castanha; preta; e cinzenta. Todas estas cores podem ter várias tonalidades, sendo que a pelagem pode ser unicolor, malhada ou branca malhada por qualquer uma das cores referidas. Admitem-se as pelagens tricolores.
- Esperança média de vida: 13 anos
História
O Algarvio com antepassados egípcios
Esta raça, criada no sul de Portugal, tem ascendentes diferentes relativamente às restantes dez raças portuguesas. O antigo galgo egípcio, oriundo do tempo dos todo-poderosos faraós, espalhou-se ao longo da costa mediterrânica através de mercadores berberes e fenícios. Na região algarvia foi desenvolvido ao longo dos tempos pelos habitantes locais, que o cruzaram com outros cães – entre os quais se consta que estivessem presentes exemplares de Podengo Português e de Border Collie –, dando, assim, origem ao Cão do Barrocal Algarvio.
Os algarvios criaram um cão com um temperamento próprio, capaz de caçar no barrocal algarvio, uma sub-região do Algarve caracterizada por um relevo muito acentuado, tornando-a quase inóspita. Historicamente, a principal presa do Cão do Barrocal é o coelho bravo, desde sempre muito... presente neste território.
Assim como aconteceu com outras raças portuguesas, o Cão do Barrocal Algarvio esteve em risco de extinção durante os anos sessenta do século passado. A proliferação de raças estrangeiras em Portugal que ocorreu nesta altura, nomeadamente de cães de parar, como o Pointer Inglês, tiraram protagonismo ao Cão do Barrocal. Se nos anos cinquenta estima-se que houvesse cerca de 3500 exemplares, na década seguinte esse número havia caído a pique para apenas 30 exemplares.
Foi a dedicação e o trabalho de um conjunto de caçadores e admiradores da raça, designadamente de José Afonso Correia e de Rogério Teixeira, que permitiu salvá-la da extinção. Este conjunto de pessoas baptizou a raça com o nome pelo qual é hoje conhecida e fundou a Associação do Cão do Barrocal Algarvio, que visa promover e fazer crescer o respectivo número de exemplares.
Antes deste baptismo, o Cão do Barrocal Algarvio era chamado por diferentes nomes, consoante as localidades. De entre estes, destacam-se três: “abandeirado”, devido ao pêlo caído da cauda; “fraldado”, devido à forma do pêlo nas pernas de trás; e felpudo, o nome mais conhecido e que faz menção ao pêlo comprido que o caracteriza.
Muitos caçadores algarvios voltaram a contar com o Cão do Barrocal Algarvio para a caça menor, particularmente para o coelho bravo. A sua capacidade de cobro, isto é, de levar a peça (de caça) à mão, é uma grande mais-valia que estes caçadores sabem aproveitar.
Mais recentemente, foram criadas matilhas de Cães do Barrocal para a caça maior, devido à rapidez, resistência e tenacidade que caracterizam a raça, que se adapta facilmente a qualquer tipo de terreno, mesmos os mais complicados, como é o caso do Barrocal Algarvio, onde existem muitas elevações calcárias de forma irregular, a que se chamam barrocos.
O Cão do Barrocal Algarvio foi a última raça nacional a ser reconhecida pela Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária, reconhecimento esse que aconteceu a 4 de Fevereiro de 2016.
Temperamento
Um caçador afável
Adaptado à caça nos territórios mais ingremes e de difícil acesso, o Cão do Barrocal Algarvio é enérgico, resistente e corajoso. Não sendo um cão de guarda por excelência, cumpre por vezes essa função, alertando perante a presença de estranhos.
Apesar de ter sido sempre utilizado como cão de trabalho, acompanhava os agricultores durante as colheitas das alfarrobas, amêndoas, entre outras culturas. Por ser paciente e muito meigo com os seus donos, integrando-se bastante bem no seio familiar, é cada vez mais tido como animal de companhia. Para que esta integração ocorra sem problemas, é fundamental que lhe seja proporcionado exercício físico regularmente para que se mantenha um cão equilibrado e bem-comportado dentro de casa.
O Cão do Barrocal Algarvio tem facilidade em aprender, graças à sua inteligência e vontade de trabalhar.
Sendo... um cão, geralmente, sociável e brincalhão, reúne um conjunto de características semelhantes ao Podengo Português. Partilha também com este um instinto predatório típico dos cães de caça, pelo que deve ser socializado desde cachorro com gatos, aves, coelhos, entre outros pequenos animais.
Saúde
À semelhança do que acontece com as restantes raças portuguesas, o Cão do Barrocal Algarvio é um cão rústico, saudável e resistente. Não existe nenhuma doença especifica que afecte particularmente esta raça, que, de forma geral, tem poucos problemas de saúde.
O seu pêlo relativamente comprido deve ser escovado com regularidade para se manter limpo, sem nós e bem arranjado.
Uma vez que é um cão de caça por natureza, deve lhe ser proporcionando bastante exercício físico para que se mantenha física e psicologicamente saudável. Este não é de todo o cão indicado para pessoas sedentárias.
Aparência Física do Cão do Barrocal Algarvio
- Orelhas de inserção alta, erectas e pontiagudas
- Cabeça leve e fina
- Olhos semi-oblíquos em forma de amêndoa
- Membros secos e musculados
- Dorso curto, recto e bem musculado
- Cauda comprida, com pêlo caído e que, quando levantada, parece uma bandeira
Curiosidades
Algumas das fontes existentes sobre a origem desta raça partem da tradição oral. Muitas destas têm um alcance temporal que chega a ultrapassar os duzentos anos.