Rafeiro do Alentejo
Ficha Técnica
- Grupo: 2 - Pinschers, Schnauzers, Molossóides, Cães de Montanha e Boieiros Suíços
- Secção do grupo: 2.2 – Cães de Montanha
- País de origem: Portugal
- Data de origem: Antiguidade/ Séc. XIX
- Primeira utilidade: Guarda de rebanhos
- Peso aproximado: 40 – 55 Kg
- Altura aproximada: 64-75 cm
- Cores: Preto e branco | Lobeiro (ou sable, que se define pelos pêlos amarelos na base e muito escuros nas pontas) e branco | Fulvo e branco | Amarelo e branco. Todos estes padrões podem ser tigrados
- Esperança média de vida: 13 anos
História
O antigo guardião das planícies alentejanas
Há imagem do que acontece com a grande maioria dos molossos europeus, o Rafeiro Alentejano descende dos mastins tibetanos, que se espalharam por todo o continente asiático e que, posteriormente, chegaram a toda a Europa pela mão dos Romanos. Utilizados inicialmente como cães de guerra, os molossos sofreram significativas alterações ao longo dos séculos, influenciadas pelas particularidades de cada região geográfica. Se na Grã-Bretanha foram utilizados sobretudo como animais de tracção, na Península Ibérica foram desenvolvidos como cães de pastoreio, protegendo os rebanhos de potenciais predadores, como o lobo ibérico, e de ladrões.
Em Portugal, nas épocas mais quentes do ano, os rebanhos migravam das planícies alentejanas para as montanhas do norte do país, chegando a ir até ao Douro. Nas épocas mais frias, o percurso era precisamente o inverso. Durante... estas migrações, a que se chama transumância, os antepassados do Rafeiro Alentejano acompanhavam sobretudo o gado ovino. Não por acaso, a pelagem desta raça confunde-se com a das ovelhas, permitindo-lhe integrar-se como elemento do rebanho, com quem cria uma relação de grande confiança, deslocando-se no seu seio e surpreendendo os intrusos que se aproximem. Alguns estudiosos acreditam que estes antepassados foram levados pelos pescadores portugueses, durante os descobrimentos, para a ilha da Terra Nova, contribuindo para o desenvolvimento do (cão da) Terra Nova.
A maior de todas as raças portuguesas beneficiou do contributo do Cão da Serra da Estrela, do Mastim Espanhol e de cães locais para o seu apuramento, ocorrido principalmente na região do Alentejo. O rei Dom Carlos, que passava muito tempo no seu palácio real de Vila-Viçosa, tinha uma predilecção pelo Rafeiro Alentejano, utilizando-o como cão de caça, função que, ao contrário do que muitos pensam, também é capaz de desempenhar eficazmente.
As transformações sofridas pelos sectores da agricultura e da pecuária, que puseram fim à transumância, e a diminuição do número de predadores, levou a que o Rafeiro Alentejano visse diminuir a sua funcionalidade, acabando por se fixar nas planícies alentejanas, onde actua como cão de guarda de rebanhos e de propriedades.
O nome “Rafeiro Alentejano” é utilizado desde o século XIX. Contudo, e apesar da antiguidade da linhagem deste guardião de rebanhos, apenas no século XX foi considerado como um cão de raça pura, o que não impediu que o nome pelo qual é conhecido continuasse o mesmo. O reconhecimento da raça pela Federação Cinológica Internacional (FCI), ocorrido em 1967, foi possível graças ao trabalho de António Cabral e de Filipe Romeiras, que identificaram o número de Rafeiros Alentejanos presentes na região e delinearam o estalão da raça.
Contra todas as expectativas, este reconhecimento oficial não proporcionou um aumento do número de exemplares, bem pelo contrário. O êxodo rural aliado à desertificação do interior levou a que, durante os anos 70 e 80, o Rafeiro Alentejano estivesse perto da extinção. Felizmente, o empenho de criadores comprometidos com a salvaguarda da raça permitiu que esta recuperasse a sua popularidade, registando-se, actualmente, 200 a 500 novos exemplares todos os anos.
Temperamento
Tolerante para os seus, intolerante para os demais
Apesar do seu temperamento calmo e equilibrado, o Rafeiro Alentejano defende energicamente a sua propriedade, emitindo um ladrar grave, profundo e audível a grandes distâncias, que afasta qualquer intruso. É, de facto, um excelente cão de guarda, designadamente de propriedades, estando especialmente alerta durante a noite. Devido à sua rapidez, pode também assumir a função de cão de caça grossa, embora pouca gente saiba disso.
Confiante, fiel e muito chegado à sua família, o Rafeiro Alentejano é tolerante e dócil para com as crianças, embora esta relação, como acontece com todos os cães, deva ser sempre vigiada. O amadurecimento desta raça é tardio, ocorrendo por volta dos quatro anos.
Devido à sua força e às características próprias de um cão de guarda, como o apurado sentido territorial, é importante que seja ... href="https://www.caonosso.pt/importancia-da-socializacao-para-o-seu-cao/" target="_blank" rel="noopener">socializado desde cedo com outras pessoas e animais, por forma a evitar que se torne num cão agressivo. O seu carácter independente e a sua teimosia exigem que os donos o treinem de forma consistente, fazendo-o perceber os limites a que está sujeito.
O rafeiro Alentejano não é um cão de apartamento, necessitando de um grande espaço exterior para que se possa sentir útil nas suas funções de guarda.
Saúde
Há semelhança do que acontece com outras raças rústicas, o Rafeiro Alentejano é um cão saudável. Todavia, é afectado pelos problemas típicos dos cães de grande porte, designadamente pela displasia da anca e dos cotovelos. Neste sentido, é importante estar atento ao surgimento de qualquer problema articular, eliminando-o ou atenuando-o o mais rapidamente possível.
Os cuidados com a pelagem são importantes, sendo essencial, pelo menos, uma escovagem semanal para manter o pêlo limpo. Nas alturas em que muda de pêlo, que acontece duas vezes por ano, a escovagem dever ocorrer com maior frequência.
Aparência Física do Rafeiro do Alentejo
- As orelhas pequenas e triangulares pendem junto às bochechas
- Espáduas musculadas e bem desenvolvidas
- Peito amplo e costelas bem arqueadas
- Dedos robustos, com unhas brancas e almofadas fortes, sendo que as patas traseiras têm dedos rudimentares
- Membros fortes e afastados
- Cauda de inserção alta, bem franjada e com a ponta enrolada
Curiosidades
A audácia do Rafeiro Alentejano levou a que fossem feitas experiências para o usar no controlo de coiotes nos ranchos de ovelhas nos Estados Unidos. No entanto, por ter sido considerado excessivamente agressivo e independente, acabou por ser preterido em relação a outras raças.
Nota: Todas as fotografias expostas do Rafeiro do Alentejo foram gentilmente cedidas pelo Canil Forte d´Elvas.