Boxer
Ficha Técnica
- Grupo: 2 - Pinschers, Schnauzers, Molossóides, Cães de Montanha e Boieiros Suíços
- Secção do grupo: 2.1 - Molossóides
- País de origem: Alemanha
- Data de origem: Séc. XIX
- Primeira utilidade: Primeira utilidade:
- Peso aproximado: 25 - 34 Kg
- Altura aproximada: 53-63 cm
- Cores: Fulvo (de tons diferentes, desde o claro ao vermelho escuro veado, passando pelas tonalidades intermédias| Tigrado
- Esperança média de vida: 11 anos
História do boxer
O pugilista alemão
Existem duas teorias sobre a origem do nome da raça Boxer: uma assenta nas semelhanças que o Boxer tem com um pugilista (tanto em inglês, como em alemão, diz-se boxer), uma vez que a forma como este cão investe contra as presas, apoiando-se nas patas traseiras e gesticulando energicamente as patas dianteiras, faz lembrar os movimentos de mãos de um lutador de boxe; a outra teoria defende que o nome desta raça deriva da palavra germânica “boxl”, usada para designar os cães que trabalhavam em matadouros.
O Boxer descende da extinta raça alemã Bullenbeisser, também conhecida como Bulldog Alemão, a qual foi criada através do cruzamento entre mastins e bulldogs. Foi usada, durante séculos, tanto na Alemanha como na Holanda, como cão de caça grossa, designadamente ao javali, ao... veado e ao urso. Graças ao seu focinho recuado, esta raça conseguia respirar ao mesmo tempo que segurava a presa pelos dentes, esperando que o caçador chegasse.
Com o passar do tempo, o Bullenbeisser foi deixando de trabalhar como cão de caça, passando a assumir funções de guarda e de condução de gado, sobretudo bovino.
Na segunda metade do século XIX, um criador de Munique chamado Georg Alt, cruzou uma cadela tigrada Bullenbeisser, chamada Flora, com um macho de origem desconhecida. Nesta ninhada havia um macho fulvo e branco chamado Lechner’s Box, a partir do qual se criou a linhagem que deu origem ao Boxer que hoje conhecemos. Lechner´s Box foi cruzado com a sua mãe, Flora, e nessa ninhada havia uma fêmea chamada Alt´s Schecken, a qual foi registada como pertencendo a uma nova raça, a que chamaram Bierboxer ou Bullenbeiser Moderno.
Mais tarde, Schecken foi cruzada com um Bulldog Inglês chamado Tom e dessa ninhada surgiu um cachorro chamado Flocki, que se tornou no primeiro cão a ser registado no German Stud Book como pertencendo à raça Boxer. Uma das irmãs de Flocki cruzou com um neto de Lechner´s Box, dando origem a uma ninhada onde havia uma fêmea branca chamada Meta von der Passage, a qual é considerada a mãe da raça, uma vez que os boxers que hoje conhecemos descendem dela. Muitos anos mais tarde, John Wagner, no seu livro The Boxer, publicado em 1939, disse que a “Meta von der Passage desempenhou o papel mais importante entre os cinco ancestrais” da raça, acrescentando que “a nossa grande linhagem” de boxers “remonta directamente desta fêmea”.
O padrão da raça foi estabilizado em 1894 e, em 1895, foi exibida numa celebre exposição canina realizada em Munique, tendo despertado a curiosidade do público. Em 1896, formou-se, então, o primeiro clube inteiramente dedicado à raça, chamado Deutscher Boxer Club. A popularidade do Boxer alastrou-se rapidamente a toda a Europa, chegando aos Estados Unidos em 1903.
Ao longo do tempo, o Boxer foi assumindo diferentes funções para além das originais (cão de guarda e de caça), desde cão pastor a artista de circo, passando pelo Bull-baiting (luta entre cães e touros). A Primeira Grande Guerra, iniciada em 1914, levou muitos exemplares desta raça a serem alistados nas forças armadas alemãs, dada a sua determinação e tenacidade. Eram usados como mensageiros, transportando informações em mochilas que transportavam às costas, e como cães de ataque e de guarda.
A Segunda Grande Guerra não proporcionou, ao contrário da Primeira, um papel de destaque para o Boxer. Contudo, permitiu-lhe alcançar uma popularidade nunca antes vista nos Estados Unidos. Muitos soldados americanos que combateram em solo europeu apaixonaram-se por esta raça, trazendo vários exemplares para a sua Terra Natal. Assim, foi ganhando, num curto espaço de tempo, um número de fãs muito considerável no outro lado do Atlântico.
A criação de Boxers foi atenuando gradualmente a sua agressividade, tornando-a numa raça cada vez mais apreciada como animal de companhia.
Temperamento do boxer
Sempre pronto para a brincadeira
O companheirismo, a lealdade e a vontade de agradar tornam o Boxer numa excelente raça para viver em família. Adora estar perto dos seus donos e interagir com eles, nomeadamente com as crianças, com quem se mostra excepcionalmente paciente e muito brincalhão. As crianças com idades mais avançadas e que têm boxers integrados nas suas famílias costumam brincar activamente com eles, uma vez que são cães enérgicos e sempre prontos para qualquer jogo ou aventura.
Porém, como acontece com qualquer outro cão, é muito importante estar atento à interacção com os mais pequeninos, evitando abusos e potenciais acidentes. Muitas vezes, cães com um porte grande, como é o caso do Boxer, podem magoar inadvertidamente uma criança. Ensinar uma criança a respeitar o espaço e a integridade física do cão é... fundamental para que esta relação seja a melhor.
O Boxer tem um amadurecimento tardio, que ocorre geralmente entre os 2 e os 3 anos e meio. Assim sendo, tem um comportamento de cachorro durante mais tempo do que a maioria dos cães. Mesmo em adulto, o Boxer demonstra uma particular jovialidade, fazendo, muitas vezes, com que os humanos à sua volta soltem gargalhadas perante o seu comportamento apalhaçado, no sentido positivo do termo. Certamente, todos concordaremos que ter uma companhia cheia de boa disposição é uma mais-valia.
Apesar de ser bastante teimoso, é relativamente fácil de treinar em termos de obediência. Dá-se bem com animais pequenos, inclusivamente com gatos, se for habituado a conviver com eles desde pequeno. No entanto, com cães do mesmo tamanho ou maiores poderá revelar alguma agressividade, principalmente se forem do mesmo sexo.
A sua capacidade para estar alerta, a sua desconfiança perante presenças estranhas e a sua coragem para defender o seu lar e a sua família fazem do Boxer um bom cão de guarda. Estas características temperamentais exigem que, para que se torne num cão sociável com pessoas fora do contexto familiar e com outros cães, se aposte numa socialização desde cachorro. Esta socialização ganha ainda maior relevância por estarmos perante uma raça poderosa fisicamente e que, por consequência, tem uma grande capacidade para causar danos.
Uma característica temperamental da raça é a facilidade com que se excita e se entusiasma, podendo cair nalguns exageros, um pouco à semelhança do que acontece com as crianças. Levando isto em consideração, é importante evitar esta escalada de excitabilidade, não o provocando e mantendo sempre uma atitude tranquila.
Finalmente, é fundamental proporcionar-lhe bastante exercício físico para que se mantenha saudável física e psicologicamente. Pode ser um cão que se adapta perfeitamente a viver num apartamento, desde que lhe sejam proporcionados bons passeios diários. Caso isso não aconteça, os seus níveis de stress irão aumentar gradualmente até entrar num estado de descontrolo.
Saúde do boxer
Existem alguns problemas de saúde que podem afectar o Boxer. O cancro, infelizmente, é um desses problemas, manifestando-se, sobretudo, através de tumores cerebrais e de linfomas (cancro do sangue). Os Boxers brancos, ou onde o branco está muito presente, têm também o risco de ter cancro da pele. Para diminuir este risco, devem-se tomar precauções, designadamente aplicar protector solar e evitar a exposição prolongada ao sol durante os dias mais quentes.
As doenças de foro cardíaco são outros dos problemas que podem surgir. A mais comum é a estenose aórtica, caracterizada por um excessivo estreitamento da válvula aórtica, prejudicando o fluxo normal de sangue. Esta é uma doença que pode ser fatal, pelo que um acompanhamento de um veterinário cardiologista é fundamental. Outra doença cardíaca a que é preciso estar atento é a Cardiomiopatia Arritmogénica do Boxer, que consiste num processo de degeneração do miocárdio, ocorrido pela infiltração fibroadiposa e por uma atrofia das fibras musculares.
Como acontece com tantas outras raças de grande porte, a displasia da anca pode afectar o Boxer. Esta condição tem um cariz hereditário e caracteriza-se pelo desajuste do osso do fémur em relação à articulação da anca (ou quadril), causando dor e dificuldades de locomoção.
O hipotireoidismo também pode ocorrer. Este é caracterizado pela insuficiente produção da glândula da tireóide de hormonas que regulam funções fundamentais de diferentes órgãos, nomeadamente do coração, do cérebro, do fígado e dos rins.
É, também, preciso estar atento a um conjunto de doenças de foro oftalmológico designadas por Distrofias Corneanas, as quais são normalmente genéticas. Estas doenças causam uma perda de transparência da córnea, a qual se vai tornando gradualmente mais opaca, prejudicando a capacidade visual e podendo, até, levar à cegueira.
Deve-se, ainda, prestar atenção à Dilatação-volvo Gástrica, vulgarmente conhecida como torção do estômago. Quanto maior o porte do cão, maior a probabilidade deste problema ocorrer. A torção do estômago acontece quando o estômago dá a volta sobre si mesmo, ficando torcido e, por consequência, impedindo a circulação gástrica.
Interessa, ainda, referir mais dois problemas de saúde que podem afectar esta raça. O primeiro são as alergias, designadamente as alergias respiratórias e as alimentares. O segundo é a surdez, a qual afecta 20% dos Boxers brancos.
Finalmente, vale a pena salientar que o Boxer não se adequa a temperaturas extremas, sejam altas ou baixas.
Quanto aos cuidados com a pelagem, basta uma escovagem regular para remover a quantidade significativa de pêlo que o Boxer larga durante todo o ano.
Aparência Física do boxer
- Nariz preto e empinado
- A máscara escura, limitada ao focinho, contrasta com a cor da cabeça
- Peito profundo e apoiado por costelas fortes
- Quadris muito musculados
- Coxas largas, curvas e poderosas
- Patas grandes e compactas, com dedos fortes