No extremo Norte de Portugal, rodeada por Espanha a Norte, a Este e a Sul, situa-se a Vila de Castro Laboreiro, inserida na Serra da Peneda e marcada por uma paisagem agreste e montanhosa. Desde tempos imemoriais que os seus habitantes se dedicam à pastorícia, principalmente até ao terceiro quarteto do século XX, criando gado que, na busca de boas pastagens, realizava um tipo de transumância de curta distância, dada a geografia da região.
Para acompanhar e defender o gado, os habitantes de Castro Laboreiro desenvolveram um cão menos possante que outros cães de gado que tinham que realizar movimentos transumantes maiores. Contudo, isso não significa que este seja mais frágil. A sua estatura torna-o ideal para escalar montes, dada a sua agilidade, tendo também a força e a coragem para enfrentar potenciais predadores, designadamente lobos. Não admira que o Cão de Castro Laboreiro, uma raça reconhecida internacionalmente, seja um orgulho para os habitantes da antiga Vila que lhe deu o nome, que sofreu durante muitos séculos um grande isolamento, tendo a primeira estrada de terra batida que a liga a Melgaço sido construída em 1948.
Este orgulho que os castrejos sentem reflecte-se no facto de organizarem todos os anos o Concurso de Cães de Castro Laboreiro e de este ser o concurso canino mais antigo de Portugal. Muitos dos cães que participam nestes concursos apenas vêem uma trela nestas ocasiões, uma vez que são cães de trabalho, preservando a sua função original de protecção de gado.
Até à década de oitenta, o Cão de Castro Laboreiro era apenas conhecido na região do Minho. Contudo, a partir desta altura, a raça começou a expandir-se pelos quatro cantos do país e é hoje conhecida por todos os portugueses.
Inteligente e com facilidade em aprender, o Cão de Castro de Laboreiro tem, contudo, uma personalidade independente, o que se explica pela sua função de guarda de rebanhos, onde actua de forma autónoma do pastor. A sua natureza virada para o trabalho no mundo rural não faz desta raça indicada para a vida em apartamento. Também não será a raça ideal para donos inexperientes, dada a sua personalidade vincada e a sua força.
Resistente, ágil, corajoso e alerta, constitui um excelente cão de guarda de propriedades, mostrando-se bastante hostil com presenças desconhecidas. Muitos amantes do Cão de Castro Laboreiro dizem, com algum humor, que este costuma ameaçar primeiro e cumprimentar depois.
Uma característica interessante desta raça é o seu ladrar bastante peculiar, que começa por um tom profundo que vai subindo em tons graves até terminar em tons agudos prolongados.
Acima de tudo, este é um excelente cão de família, sendo muito calmo na sua presença e bastante tolerante com as crianças.
A inteligência, aliada à força e agilidade do Cão de Castro Laboreiro, faz com que já tenha sido usado como cão polícia e militar no Corpo de Fuzileiros de Portugal. A polivalência deste cão leva-o também a ser usado em matilhas de caça grossa, como cão de presa, como cão guia e, até, como participante em provas de agility, tendo sido um exemplar desta raça a ganhar o título de campeão do mundo na década de noventa.
Nota: Todas as fotografias expostas do Cão de Fila de São Miguel foram gentilmente cedidas pelo Canil dos Montes de Laboreiro.